sábado, 26 de julho de 2008

Era uma vez...

Uma
 ¿BANANA?

que
 queria

Ser...

    Surreal.






Written by a witch

Curiosidade

Uma planta sem cabeça, um ser humano sem paisagem, flautas encostadas a hipérboles desafiantes
Hoje quando a natureza escorre, noite suscita, insecto suicida, garras particulares
Quero ir para casa depois de estrelas sem casa
O cometa anuncia uma data definida
Apenas sabemos
Sabemos
Havemos
Especial são línguas geladas em concentração
Dois ao sair do arrependimento, não me arrependo, quero
Esculpir o significado, essa parte da vontade
Entre o sono, a visão
Não largar a mão precipitada do precipício principal principiante da coordenação
Tua
Liderar por ideias nefastas, palpitações extremas de orgãos internos
Hoje espero o futuro com raiva ensurdecedora
Essa fonte inexplicável, inadiável, a representação decadente feliz
Um momento na
Tua
Ofuscante severidade
Difamar a colecção de partículas, náusea da dualidade unidireccional
Mais um decímetro de paraíso por uma expectativa murcha infernal
Uma planta sem cabeça devora o seu interior
Quando a recordação escorre, noite suscita, insecto suicida, garras particulares
Nas artes sintácticas envolvido
Apóstolo humano, largamente corrompido
O Senhor apenas sabe
Eu tenho a certeza

Utensílio

Um garfo. Sem ervilhas nas pontas. Sem cenouras agarradas. Sem animais encarquilhados.
Sem garfo.
Sem.
Em.
m
.

Cerebral

Os olhos vermelhos de nitrato saltam à vista, relembram, mostram hoje, qualquer ocasião é bem-vinda para apreciar quadros antigos, o encaixe transformador perde-se no inconcebível histerismo de objectos com boca, tristezas repletas assustadas por enfrentar a possessão a vários níveis, castanho o sangue pacífico do redondo parcial, escrevo a última palavra desta linha intocável, pronunciante.

Se...

Se me der agora alguma razão, páro antes de chegar a uma conclusão.
Não posso dizer muito mais: a ausência de destino obriga-me a escolhas ousadas.

Pesadelo

Conheço uma seita deliciosa onde em vez de se dançar, joga-se xadrez em pratos de cristal perfumados com peixe.
Lá concretizam planos de imediato sem recorrer a piscares súbitos.
O apartamento é fechado, um pouco acima do fim do mundo localizado, e vendem a minha amante favorita de todas: uma dose perfurante de anestesia!

Lenda

Rodo a pena em pedaços rectangulares. O lugar mais fascinante para a absolvição de tais pecados coloca-se de forma empertigada num planeta castigador.
Tinta fluente, brilhos de cor, sóbrios astigmatismos de passados fantasmas passados.
Ansiosos por voltar a torturar.

Paisagem

A bruxa só se veste de vermelho quando acorda de pijama. É confuso o tempo passado em navios de varinha formados, faladores e electrizantes.
A sua casa resolve-se como uma brincadeira, é uma aspiração à Menoreza.
Ele também, um espião, guardião de manuscritos verbais enlatados.
O único a castigar os seus aspectos de nobreza com entusiasmo.
Tecto de algodão, mortos por fora, vítimas.

Noitemante

Usas um coração de borracha na cabeça. É maleável, assim como o poder de barbatana que te inspira. 3 vezes desejaste chegar ao fundo sem cair. 3 vezes tropeçaste numa fuga bem-disposta.
Deixa estar. Eu amo-te na mesma. Em hebraico.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Mitologia

Guardo um grande automatismo enquanto imagino quantas dores de cabeça tem uma hidra.
Não dá para parar de chupar este tipo de recordações.
É como o hábito habitual de renegar uma mãe morta que ainda me quer de volta.
E que suplica por uma infância mal perdida.

Desejo

Essa cara podia ser diferente, claro que podia, sei que queria desenhar mais do que mostras, uma claridade não anunciada talvez, algo com poder, um olhar invulnerável a cortes sem significado.
Se fosses um feitiço que bruxa gostavas de atacar?
Alguma violeta ou talvez a clássica negra que ataca com os sapatos?
Diria que te engulo como és, mesmo sem aspirações a desenho animado seguras-te com algum charme. Charme atípico.
Comprei um desejo de rapidez. Agora sou o homem mais rápido do mundo e tu estás no lugar planeado. Vou ficar parado para ti.

Depois

Depois do trabalho descontraio. Calço sapatos exageradamente negros, velas ligadas e estrutura feita. Os meus amigos vêem buscar-me a casa, eles são anjos o que me ajuda na minha luta pela santidade. Roemos o resto da fruta, damos as mãos e esfregamos os olhos até conseguirmos ver homens pequeninos a saltar dos restos.
Tenho sorte em ter um sofá grande e com isto também uma televisão real com imagens que ainda não aconteceram.
Abro o caminho e indico aos meus convidados o lugar buraco que uma vez chamaram de chão, agora está cheio de vidros partidos. É a selvajaria de amar, somos porcos. O sangue penetra pelos poros com suavidade e o riso sai naturalmente.
Gosto que o chão seja confortável, as asas dos meus amigos não se ferem tanto.
A mesa tem mais que uma ceia, tem dragões pequenos com bocas enormes, quase que parecem berlindes, quase que parecem microscópios com fome.
O dia chegou ao fim, e nem tinha chegado ao início.

Formas

Encontrei um gato morto no contentor de um inferno aconchegado.
A sua cara ainda arde pacientemente no meu adjectivável rosto. Quando vestia as minhas formas e se entrecruzava com as minhas brincadeiras de ladrão compulsivo sabia que estava certa, talvez até demais para mim.
Será que pode existir alguém tão certo mas tão certo que se torna errado?
Roubava-lhe partituras, partilhava crenças, arrancava-lhe algo mais que toques estreitos ou ligações sinuosas.
Pensava no seu ser um pouco mais descido, adaptado a estas condições banais: um defeito na fala ficava-lhe especial.
Normal, humanizada.
Há cinco épocas terrestres foste a extremidade.
Vou-me largando, és uma especiaria que já não guardo se bem que sempre irei ter medo de alturas e daquelas montanhas que me ensinaste a derrubar.