segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Adoração da Lua

queria 'comer' a lua

vai 'comer' a lua

mas nao posso comer a lua, ela é comprometida,,,,

com quem?

com um gajo parvo

estupida :'

mas eu tb sou comprometido, apenas não com a lua, percebes o meu problema?

não

a lua talvez brilhe demais para mim e talvez eu pertença a um caixote

tens razão

acho que é simples...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Perspectiva Do Animal

O ateu sem regras chega ao local mais antigo onde uma vez um tesouro foi escondido, há muito tempo, portanto. Está frio e sol, calor e chuva, é um daqueles sítios onde as tempestades tropicais salpicam faíscas e fantasia para os rostos passageiros.
Passa um animal anormal estranho. Ninguém liga à sua sombra, mas o interior da sua mente fértil surpreende. Controlador de cerimónias, ele sabe tudo que existe e pode existir.
Descodifica partituras e segredos aos impulsos sintagmáticos. Sabe que as princesas não são na realidade princesas. Formam-se, tornam-se. Muitas vezes por iniciativa própria e isso não me pode convencer. Uma princesa tem que nascer princesa. Princesa na eternidade desde o puro nascimento.
Enquanto isso, as gotas balançam entre as árvores húmidas e famintas. São as especiarias preferidas do solo.
Salgadas e não embaladas. Riem-se das conversas de iniciação e continuação do universo.

sábado, 29 de novembro de 2008

O Terror Amistoso

Existem variados rituais para a ascensão. Não sou digno de nomear nenhum mas sinto-me tentado a delinear os aspectos mais vivaços de alguns.
Em lugar primeiro, umas asas qualificadas se devem comprar ou alugar ou até comparar com as sombras desmedidas que se refugiam do sol.
Não se esqueçam que hoje é cemitério e a lua anda furiosa.
Lugar dois, não tem a ver com helicóptero. Deverá ser uma subida mais espiritual errática.
Daquelas com fome de morder. Sim, isso mesmo. Mente molhada como saliva diurna.
Uso estas mãos na semelhança de facas carnívoras subsequentes e a seguir.
E a seguir vem o lugar terceiro, queimado na insistência. A psicologia do ímpar. Quando tudo anda aos casais, há uma terceira tentativa que se espevita do lado de fora, está fora do aconchego presente no interior. São as aberturas. As simples aberturas, livre conjugação do corpo com espírito. Asas com vontade. Espiral desistiva. Junto os dois. Branco com indecisão mental.
É isto e isto é fácil de conseguir.
Não há sensação como línguas.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Exacto Perfeito

Mesmo que em dada posição, a entrega seja mais facilitada a cânticos brancos, os dentes mais fortes da versatilidade estragam-se no fundo do palco. Derrame de artes, os pensamentos sobrevivem na batalha mais feroz das línguas.

Não Quero

Não me apetece escrever. Não sei o que fazer às palavras. Podia falar de cogumelos, obviamente, mas não gosto de me recordar de nada que já tenha tido pernas.
A minha missão será aniquilar figuras fictícias de um nazismo natural. Preciso estabelecer um exame que me garanta uma vida individual, isto a que sobrevivo é demasiado decidido por bocas refugiadas.
Chamar-me à janela seria um acto perfeito e inútil. Como se recomenda. Tão não intelectual que até os ateus das Terras Longe se entusiasmariam com a minha ousadia. Se alguém me fornecer uma câmara fotográfica com duas objectivas, poderia deliciar-me a tirar fotos subjectivas.
Queria uma moldura da idade das cavernas. Naquele tempo, já haviam góticas que dançavam à volta da Lua. O Diabo não aparecia muito, os Sabbaths eram feitos à mão.
Métodos artesanais! Que saudade! Agora só temos igrejas e para ser sincero, falta-lhes cor.
Como podem ver, não tenho nada a dizer. Isto porque não me apetece, definitivamente, escrever.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A Lógica

Tenho a memória de uma anã agendada a pedir frio como se de um milkshake se tratasse.
É engraçado que essa recordação seja tão espantosa como a minha própria história de vida.
Nasci confiante, já o médico me disse e eu confiei e eu me lembro. Invejei a sua posição logo naquele momento. Jurei secretamente a toda a maternidade que seria um dia, eu, naquela altura bebé, quando grande, um MÉEEEDICO soberbo!
Já no útero ouvia coisas bonitas desse mundo. Bisturis soavam-me bestiais. Queria inflingir dor e ainda ser pago por isso. Não seria nunca uma dor natural, mais uma daquelas secretas.
Olhando para trás tive um passado bem pensado se bem que inconsequente.
Capturava borboletas e fritava-as com cogumelos quentinhos. Asinhas crocantes! Adormecia a conduzir e guiava esplendorosamente. Pensava continuamente em sexo e quando estava a fazê-lo perguntava-me:
"É só isto?"
Via filmes de animação com amigos matulões e ponderava se as Barbies eram putas ou apenas modernaças. Bons tempos. De moderação e loucura.
Sei e digo e afirmo isto tudo em voz-off. É a minha lógica. Desculpem se não tiver lógica.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Quem Quer Comprar o Sorriso da Meli?

Eu não a odeio, claro que não! Como poderia odiar um ser tão natalício?
Move-se em vermelho no ar, seria o Capuchinho Vermelho se não fose aquele feitio nuclear.
Um dia, incendiou a casa mas ninguém reparou. Os seus pedidos de atenção não passavam de simples pedidos. Ninguém lhos dava. Sádica perante a vida. Aos sábados imaginava uma piscina de buracos com fígados à mistura. Ela era realmente feliz. 76,5% das vezes.

Quero Partir Uma Perna

Já estou morto há dois anos. É uma decomposição atraente embora finja que me atormenta.
Sou tão básico e primordial. Complexo e perplexo. Talvez um cadáver feliz que aos pouco reage às reacções que me tocam. Sentir algo seria ideal.
Juntei-me a uma mulher com doenças privadas. Tem um nome lindo, é a minha pequena Astigmatismo. Pena que tenha sónia.
Enfim, não sei mais baladas a apontar nesta folha que aqui nem é folha, é algo tipo intergaláctico, cibernético. Perfume para homens sem boca.
É só mortos por aqui e eu sou o pior deles todos. Faço publicidade ao meu corpo, enterrei uma bandeira neste corpo decrépito: sou a minha propriedade privada.
Dor. Uma palavra tão pequena. E é só minha.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mudo

Culpo-me muitas vezes por exixtir. Pelo simples (f)acto de existir. Não sei como se processa toda essa informação no meu cérebro, estou no extremo mais extremático possível da palavra delicado. Talvez delicado superficial. Sensível ao cubo. Gostar de mim? Isso é o que há de mais pessoal. É isso que me traz de volta ao surreal...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Playground Sleep

Prometo que não vou falar de animais. Há mais para explorar, como os brinquedos atómicos do sub-mundo que caem por escadas espirais à sexta-feira entre as 14 e as 14 e pouco, num lugar que ninguém sabe, que nunca ninguém visitou, não por ser frio, mas por ser alimentado com cobras hpocondríacas.
Isto é uma afirmação bem ousada, a descoberta de um sítio assim. Tem cascatas de maracujá coladas ao precipício. O guardião supremo é um urso de peluche simpático, fala-me sempre com uma educação tão adequada que nem a julgo possível. É um sítio, realmente perto da imaginação.
As sombras deslizam para fora do corpo e tornam-se amigáveis com o desenrolar do tempo.
Quando sentes que o que dizes é superior a válido, as palavras percorrem o ar em brincadeira infantil, misto de borracha com psicadelismo.
Um dia o dia apareceu sem avisar. E dormiu a noite toda

Houbjektu

O cenário está calmo e sem regras. OVNIS descontraídos nas nuvens estão relaxados nas nuvens, é costume sentirem-se invasores quando a maior parte das pessoas os considera convidados especiais. Espaciais não, estes são intra-terrestres.
Dizem que a chuva molha os ossos, duvido, tenho os ossos dentro do meu corpo. Era curioso se tivessem cores diferentes da estabelecida. E talvez tenham. Não sei se os ossos serão todos iguais. Deve ser mito. É isso. Provavelmente até tenho ossos arco-íris.
É tão certo como o ódio dos cegos pela Eurovisão.

O Melhor Texto De Sempre

Havia aqui um texto, o melhor texto que alguma e uma vez escrevi. O título escondia tudo, revelava mas não desleixava, era este, vou dar o título, não tinha subtítulo. "Purgatório de Carne". Não consigo especificar exactamente o conteúdo mas era . . .
Sim, era.
Era mesmo.
Era tão.
E não está aqui. Desapareceu. Morreu.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Há Uma Quebra

Explica-me a ausência de céu. Não o vejo, não o quero ver, não sei se existe, nao sei se alguma vez existiu. Olho para fora e não vejo. Olho para dentro e não vejo. Obsevo o topo e o vazio e não encontro. Em baixo também não. Em cima é impossível encontrar. O anónimo sky. Não existe. Explica-me essa ausência. A ausência do céu.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Estadia Na Estalagem Errada

Sr. Tony Night:

Você é culpável de crimes ultra-sociais. A sua cabeça com maneirismos de fruta é condenada aos meus olhos, olhos estes que já viram mais crime do que necessariamente fruta.Se me deixassem tirar algum curso de Psicologia, finalizava os restos de pó que me instauram.Falaria com mulheres decompostas em água normal.Incendiaria qualquer pessoa com lepra que não me garantisse nada em troca.E fazia o nada, talvez o nada, não sei, temo a verdade. Ser demasiado real ofusca as satisfações eventuais de uma alternativa extra-terrena.Tenho pouco que encaixe no lugar do orgulho.Eu? Sou um fraco. Nem sequer possuo a habilidade de insultar gatos
egoístas.

I'm a creep, I'm a widow
What the hell am I doing here?
I don't belong here
I ...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Uma Capa Com Espíritos

Sem dúvida que sou afectado pelo ambiente que me dizem. Decidem o que não me sint0 confortável a resolver, tanto em lugares hostis como em localizações mais amenas, perto do espírito. Este cérebro está morto nos dias que correm. Escrevo explicitamente o que salta ao meu encontro, já não tenho de me esforçar. Tenho detalhadas sobras no frigorífico. Focado bem forte estive e estou na incerteza se devo ou não glorificar insectos que curtam thrash metal. Tanto sobrevive neste espírito que já apontei, tanto. Hoje dactilografo cenas que existem, talvez numa dimensão tão longínqua, tão desigual que nem chega a introduzir-se nos subconscientes conscientes. Quero ver, por exemplo, essa professora a trabalhar noutro sector. Moonlighting como modelo. Ganhar a vida com outra parte da vocação. Ganha-se o segmento, ganha-se à morte. Já referi igualmente os bichos do ambiente destrutivo. Idealizam Kreator e caixotes. Se me lembrar de mais consultas explico detalhadamente neste pré-diário as escolhas que me guiam. Tenho pouca sabedoria a dar. Só acho que não te deves preocupar com o que te dizem.
Sabes como é: If you listen to fools, the mob rules.

Nocturna Gramatical

Conheço isto tão mal como a palma da minha mão mas continuo, não há medo de continuar.
A minha cara colada num beijo, já me reparei num beijo e dava beijos sem reparar: estava lá a minha face, unida no infinito imaginado. É tão curioso estabelecer esses toques, o mundo torna-se branco. Com isto, nada a apontar, excepto a mulher de saias com parágrafos nos ombros. Ficam-lhe bem, chamo-lhe de muito, é um relâmpago intermitente que suscita os meus medos. Não me importo, no entanto, deixo que arruine o chão que me move, compenso a sua imberbe malvadez com os beijo atómicos que recebo. Tem um corpo assustado, delineado em sombras de gelo quente. Não se derrete perante mim, sou demasiado lento para a sua compreensão limitada. Não é inteligente, apenas horrível. Ela é má. Mas o mundo torna-se branco com a sua lucidez viperina. E por isso, absolvo todos os antónimos dos seus pecados dimensiosos.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Vivida No Antes

Na casa, esta casa, naquela casa, a colher obstruída de meu pai grasnava silêncio, mas não era silêncio, eram os gritos de minha mãe que desciam à Terra em soluços.
Lembro-me dessa casa e o seu hemisfério errático que acompanhava as vozes dos trespassadores. Chamavam-lhe o castelo da dissonância devido ao extremo cuidado que polvilhava o ar, de não continuar
a partir mais copos de cristal. Escadas em caracol subiam a um nível desconhecido, vento escondia-se no soalho, bichos entretinham-se com o vazio. Havia o nada. Mais nada que nada. E era esta a casa, aquela, naquela, a casa. Diziam que só lá restava a colher de meu pai, a explorar os gritos rachados de minha mãe. Os gritos de minha mãe. Os gritos. Descidos da Terra. Em forma de colher.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Caracter Cratera

Falta de fruta habitua-me às profundezas. Nada melhor que açúcar sem açúcar. Darkness e melancia. Licenças para obter coisas transtornam-me. Picam-me como agulhas nervosas feitas de seringas mais agudas que alfinetes. Fico desiludido com tanta coisa, sejam actores que mudam de língua ou pessoas que mudam de cor. Fico, mas ao mesmo tempo, animo-me com essas adversidades. Reanimo-me também com o desleixo das minhas observações. Lembro-me de cada coisa, que chego a desafiar o absurdo.
Surreal?
Tornei-me assim.
Cleópatra grita numa casa em chamas. Está triste com a falta de caviar. Crocodilos amontoam-se agora. Saunas são perigosas para os incapazes na diversão. Piscina é desabitual de proferir. Signo de signficado extremo. Vou colorir mais tarde algo. Eh! Sou um corante e um conservante! Sou um produto totalmente natural progressivamente adulterado. Estou lá fora dentro da prisão.
Ponto clássico dos meus contos são as feridas que ainda não aconteceram no esterno e subsequentes ossos frios. Os jogos de mel também me afectam, é real o que me afecta, indiferente o que me rodeia e não me atinge. Contagem final no satélite. Confrontei-me. E o agora muda num ápice.
Recordo-me daqueles dias.
Da altura em que Schwarznegger falava francês perfeito
Louco?
Talvez sim. Talvez não.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O Ego da Joana

O longínquo zodíaco revolve na cabeça, julgo na cabeça, vê-se como uma grande daquelas, julgo um carro alucinado, decifro a permissão de capturar a esfinge e deitar-me.
Belo animal de estimação. Arco dobrado nos tornozelos da saudade. Vibrâncias oraculares recalcam a poesia. Sono disfarçado de Robin Hood confere tempo aos pobres.
Há uma casa no sorriso do ogre. Colheres abundam na sopa desfigurada. Incrível como formigas se deixam afogar voluntariamente (são jovens). Para a alegria do ogre, a apóstrofe não tem fim. O sono não tem sonho. E o vital esmorece na testa elevada. Expressão de surpresa. Há um sorriso na casa do ogre.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A Lenda de um Tipo Comum

Falava demasiado depressa consigo mesmo, pois claro. Ao lado das suas amizades, revelava Síndrome de Down, tocava xilofone, descrevia descrições com livros no alto.
Era chato, bonito, inteligente e depressivo. Comia bolachas por engano, empurrava sumo de laranja com críticas à socialização.
Dava-se bem com empregadas, simulava fotocópias de luxo, cheio de ritmo, tornava actos simples em lendas.
Era em suma, um candidato bem delineado a um desenho animado pré-desintegrado.
Se não via a noite, ouvia a sua banda preferida. Ninguém compreendia a admiração. Diziam que não tinha nada a ver com o som, pouco com as letras.
Eram os Radiohead. Mindfuck, Radiohead,
Radiohead Mindfuck...

Comentário Antigo

E no outro texto lembrei-me de algumas coisas e estas também. De um dos sítios visitas à lua por abóboras esmagadas e orquestrações porreiras surgiam, do lugar infame fluentemente aquele nome aparecia, antes não proibido, apenas ligeiramente inconcebível: Lennon.
Lennon foi morto. Isto é uma passiva real. Mataram Lennon. Activa tão depressa.
Mais que um homem que matou outro homem, o crime contra a arte instituída saiu da pólvora de outra arte não aceite: o crime. Dizia-se que era desnatural alguém matar outro para provar algo. Provou que era insano, pois claro. Mas foi uma opção, a sua realidade. Tornou-se o homem que fez algo. Fama pelo preço obscuro. O original.
A adequação das nossas potencialidades é tão relativa. Uns têm cérebro, outros, talento para dominar idiotices.
Sabem o homem que estava à sua esquerda? Passou à história. Chamam-lhe o Homem Que Não Matou Lennon.

Judas

Judas, paga-me uma viagem à lua, por favor, por fa-sim, anda lá, vamos.
Mereces e eu mereço esse merecido, não é pior que enfatizar qualidades de formigas, percebes Judas?
Não vou representar em actos o mistério deles que jamais tu, uma vez os gémeos e nós concebemos fealdade naquela instância.
Vou ler-te, vou ler-te sim, Judas. Deixaste textos impressos com facadas.
Por um lado, o teu eu devoto e feliz, no outro, a fachada escabrosa e cordas do após.
Com volúpia foste tu o fã número um. Mataste Cristo. Em seguida entregaste Lennon.
Depois do beijo, o precipício.

sábado, 26 de julho de 2008

Era uma vez...

Uma
 ¿BANANA?

que
 queria

Ser...

    Surreal.






Written by a witch

Curiosidade

Uma planta sem cabeça, um ser humano sem paisagem, flautas encostadas a hipérboles desafiantes
Hoje quando a natureza escorre, noite suscita, insecto suicida, garras particulares
Quero ir para casa depois de estrelas sem casa
O cometa anuncia uma data definida
Apenas sabemos
Sabemos
Havemos
Especial são línguas geladas em concentração
Dois ao sair do arrependimento, não me arrependo, quero
Esculpir o significado, essa parte da vontade
Entre o sono, a visão
Não largar a mão precipitada do precipício principal principiante da coordenação
Tua
Liderar por ideias nefastas, palpitações extremas de orgãos internos
Hoje espero o futuro com raiva ensurdecedora
Essa fonte inexplicável, inadiável, a representação decadente feliz
Um momento na
Tua
Ofuscante severidade
Difamar a colecção de partículas, náusea da dualidade unidireccional
Mais um decímetro de paraíso por uma expectativa murcha infernal
Uma planta sem cabeça devora o seu interior
Quando a recordação escorre, noite suscita, insecto suicida, garras particulares
Nas artes sintácticas envolvido
Apóstolo humano, largamente corrompido
O Senhor apenas sabe
Eu tenho a certeza

Utensílio

Um garfo. Sem ervilhas nas pontas. Sem cenouras agarradas. Sem animais encarquilhados.
Sem garfo.
Sem.
Em.
m
.

Cerebral

Os olhos vermelhos de nitrato saltam à vista, relembram, mostram hoje, qualquer ocasião é bem-vinda para apreciar quadros antigos, o encaixe transformador perde-se no inconcebível histerismo de objectos com boca, tristezas repletas assustadas por enfrentar a possessão a vários níveis, castanho o sangue pacífico do redondo parcial, escrevo a última palavra desta linha intocável, pronunciante.

Se...

Se me der agora alguma razão, páro antes de chegar a uma conclusão.
Não posso dizer muito mais: a ausência de destino obriga-me a escolhas ousadas.

Pesadelo

Conheço uma seita deliciosa onde em vez de se dançar, joga-se xadrez em pratos de cristal perfumados com peixe.
Lá concretizam planos de imediato sem recorrer a piscares súbitos.
O apartamento é fechado, um pouco acima do fim do mundo localizado, e vendem a minha amante favorita de todas: uma dose perfurante de anestesia!

Lenda

Rodo a pena em pedaços rectangulares. O lugar mais fascinante para a absolvição de tais pecados coloca-se de forma empertigada num planeta castigador.
Tinta fluente, brilhos de cor, sóbrios astigmatismos de passados fantasmas passados.
Ansiosos por voltar a torturar.

Paisagem

A bruxa só se veste de vermelho quando acorda de pijama. É confuso o tempo passado em navios de varinha formados, faladores e electrizantes.
A sua casa resolve-se como uma brincadeira, é uma aspiração à Menoreza.
Ele também, um espião, guardião de manuscritos verbais enlatados.
O único a castigar os seus aspectos de nobreza com entusiasmo.
Tecto de algodão, mortos por fora, vítimas.

Noitemante

Usas um coração de borracha na cabeça. É maleável, assim como o poder de barbatana que te inspira. 3 vezes desejaste chegar ao fundo sem cair. 3 vezes tropeçaste numa fuga bem-disposta.
Deixa estar. Eu amo-te na mesma. Em hebraico.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Mitologia

Guardo um grande automatismo enquanto imagino quantas dores de cabeça tem uma hidra.
Não dá para parar de chupar este tipo de recordações.
É como o hábito habitual de renegar uma mãe morta que ainda me quer de volta.
E que suplica por uma infância mal perdida.

Desejo

Essa cara podia ser diferente, claro que podia, sei que queria desenhar mais do que mostras, uma claridade não anunciada talvez, algo com poder, um olhar invulnerável a cortes sem significado.
Se fosses um feitiço que bruxa gostavas de atacar?
Alguma violeta ou talvez a clássica negra que ataca com os sapatos?
Diria que te engulo como és, mesmo sem aspirações a desenho animado seguras-te com algum charme. Charme atípico.
Comprei um desejo de rapidez. Agora sou o homem mais rápido do mundo e tu estás no lugar planeado. Vou ficar parado para ti.

Depois

Depois do trabalho descontraio. Calço sapatos exageradamente negros, velas ligadas e estrutura feita. Os meus amigos vêem buscar-me a casa, eles são anjos o que me ajuda na minha luta pela santidade. Roemos o resto da fruta, damos as mãos e esfregamos os olhos até conseguirmos ver homens pequeninos a saltar dos restos.
Tenho sorte em ter um sofá grande e com isto também uma televisão real com imagens que ainda não aconteceram.
Abro o caminho e indico aos meus convidados o lugar buraco que uma vez chamaram de chão, agora está cheio de vidros partidos. É a selvajaria de amar, somos porcos. O sangue penetra pelos poros com suavidade e o riso sai naturalmente.
Gosto que o chão seja confortável, as asas dos meus amigos não se ferem tanto.
A mesa tem mais que uma ceia, tem dragões pequenos com bocas enormes, quase que parecem berlindes, quase que parecem microscópios com fome.
O dia chegou ao fim, e nem tinha chegado ao início.

Formas

Encontrei um gato morto no contentor de um inferno aconchegado.
A sua cara ainda arde pacientemente no meu adjectivável rosto. Quando vestia as minhas formas e se entrecruzava com as minhas brincadeiras de ladrão compulsivo sabia que estava certa, talvez até demais para mim.
Será que pode existir alguém tão certo mas tão certo que se torna errado?
Roubava-lhe partituras, partilhava crenças, arrancava-lhe algo mais que toques estreitos ou ligações sinuosas.
Pensava no seu ser um pouco mais descido, adaptado a estas condições banais: um defeito na fala ficava-lhe especial.
Normal, humanizada.
Há cinco épocas terrestres foste a extremidade.
Vou-me largando, és uma especiaria que já não guardo se bem que sempre irei ter medo de alturas e daquelas montanhas que me ensinaste a derrubar.