sábado, 29 de novembro de 2008

O Terror Amistoso

Existem variados rituais para a ascensão. Não sou digno de nomear nenhum mas sinto-me tentado a delinear os aspectos mais vivaços de alguns.
Em lugar primeiro, umas asas qualificadas se devem comprar ou alugar ou até comparar com as sombras desmedidas que se refugiam do sol.
Não se esqueçam que hoje é cemitério e a lua anda furiosa.
Lugar dois, não tem a ver com helicóptero. Deverá ser uma subida mais espiritual errática.
Daquelas com fome de morder. Sim, isso mesmo. Mente molhada como saliva diurna.
Uso estas mãos na semelhança de facas carnívoras subsequentes e a seguir.
E a seguir vem o lugar terceiro, queimado na insistência. A psicologia do ímpar. Quando tudo anda aos casais, há uma terceira tentativa que se espevita do lado de fora, está fora do aconchego presente no interior. São as aberturas. As simples aberturas, livre conjugação do corpo com espírito. Asas com vontade. Espiral desistiva. Junto os dois. Branco com indecisão mental.
É isto e isto é fácil de conseguir.
Não há sensação como línguas.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Exacto Perfeito

Mesmo que em dada posição, a entrega seja mais facilitada a cânticos brancos, os dentes mais fortes da versatilidade estragam-se no fundo do palco. Derrame de artes, os pensamentos sobrevivem na batalha mais feroz das línguas.

Não Quero

Não me apetece escrever. Não sei o que fazer às palavras. Podia falar de cogumelos, obviamente, mas não gosto de me recordar de nada que já tenha tido pernas.
A minha missão será aniquilar figuras fictícias de um nazismo natural. Preciso estabelecer um exame que me garanta uma vida individual, isto a que sobrevivo é demasiado decidido por bocas refugiadas.
Chamar-me à janela seria um acto perfeito e inútil. Como se recomenda. Tão não intelectual que até os ateus das Terras Longe se entusiasmariam com a minha ousadia. Se alguém me fornecer uma câmara fotográfica com duas objectivas, poderia deliciar-me a tirar fotos subjectivas.
Queria uma moldura da idade das cavernas. Naquele tempo, já haviam góticas que dançavam à volta da Lua. O Diabo não aparecia muito, os Sabbaths eram feitos à mão.
Métodos artesanais! Que saudade! Agora só temos igrejas e para ser sincero, falta-lhes cor.
Como podem ver, não tenho nada a dizer. Isto porque não me apetece, definitivamente, escrever.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A Lógica

Tenho a memória de uma anã agendada a pedir frio como se de um milkshake se tratasse.
É engraçado que essa recordação seja tão espantosa como a minha própria história de vida.
Nasci confiante, já o médico me disse e eu confiei e eu me lembro. Invejei a sua posição logo naquele momento. Jurei secretamente a toda a maternidade que seria um dia, eu, naquela altura bebé, quando grande, um MÉEEEDICO soberbo!
Já no útero ouvia coisas bonitas desse mundo. Bisturis soavam-me bestiais. Queria inflingir dor e ainda ser pago por isso. Não seria nunca uma dor natural, mais uma daquelas secretas.
Olhando para trás tive um passado bem pensado se bem que inconsequente.
Capturava borboletas e fritava-as com cogumelos quentinhos. Asinhas crocantes! Adormecia a conduzir e guiava esplendorosamente. Pensava continuamente em sexo e quando estava a fazê-lo perguntava-me:
"É só isto?"
Via filmes de animação com amigos matulões e ponderava se as Barbies eram putas ou apenas modernaças. Bons tempos. De moderação e loucura.
Sei e digo e afirmo isto tudo em voz-off. É a minha lógica. Desculpem se não tiver lógica.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Quem Quer Comprar o Sorriso da Meli?

Eu não a odeio, claro que não! Como poderia odiar um ser tão natalício?
Move-se em vermelho no ar, seria o Capuchinho Vermelho se não fose aquele feitio nuclear.
Um dia, incendiou a casa mas ninguém reparou. Os seus pedidos de atenção não passavam de simples pedidos. Ninguém lhos dava. Sádica perante a vida. Aos sábados imaginava uma piscina de buracos com fígados à mistura. Ela era realmente feliz. 76,5% das vezes.

Quero Partir Uma Perna

Já estou morto há dois anos. É uma decomposição atraente embora finja que me atormenta.
Sou tão básico e primordial. Complexo e perplexo. Talvez um cadáver feliz que aos pouco reage às reacções que me tocam. Sentir algo seria ideal.
Juntei-me a uma mulher com doenças privadas. Tem um nome lindo, é a minha pequena Astigmatismo. Pena que tenha sónia.
Enfim, não sei mais baladas a apontar nesta folha que aqui nem é folha, é algo tipo intergaláctico, cibernético. Perfume para homens sem boca.
É só mortos por aqui e eu sou o pior deles todos. Faço publicidade ao meu corpo, enterrei uma bandeira neste corpo decrépito: sou a minha propriedade privada.
Dor. Uma palavra tão pequena. E é só minha.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mudo

Culpo-me muitas vezes por exixtir. Pelo simples (f)acto de existir. Não sei como se processa toda essa informação no meu cérebro, estou no extremo mais extremático possível da palavra delicado. Talvez delicado superficial. Sensível ao cubo. Gostar de mim? Isso é o que há de mais pessoal. É isso que me traz de volta ao surreal...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Playground Sleep

Prometo que não vou falar de animais. Há mais para explorar, como os brinquedos atómicos do sub-mundo que caem por escadas espirais à sexta-feira entre as 14 e as 14 e pouco, num lugar que ninguém sabe, que nunca ninguém visitou, não por ser frio, mas por ser alimentado com cobras hpocondríacas.
Isto é uma afirmação bem ousada, a descoberta de um sítio assim. Tem cascatas de maracujá coladas ao precipício. O guardião supremo é um urso de peluche simpático, fala-me sempre com uma educação tão adequada que nem a julgo possível. É um sítio, realmente perto da imaginação.
As sombras deslizam para fora do corpo e tornam-se amigáveis com o desenrolar do tempo.
Quando sentes que o que dizes é superior a válido, as palavras percorrem o ar em brincadeira infantil, misto de borracha com psicadelismo.
Um dia o dia apareceu sem avisar. E dormiu a noite toda

Houbjektu

O cenário está calmo e sem regras. OVNIS descontraídos nas nuvens estão relaxados nas nuvens, é costume sentirem-se invasores quando a maior parte das pessoas os considera convidados especiais. Espaciais não, estes são intra-terrestres.
Dizem que a chuva molha os ossos, duvido, tenho os ossos dentro do meu corpo. Era curioso se tivessem cores diferentes da estabelecida. E talvez tenham. Não sei se os ossos serão todos iguais. Deve ser mito. É isso. Provavelmente até tenho ossos arco-íris.
É tão certo como o ódio dos cegos pela Eurovisão.

O Melhor Texto De Sempre

Havia aqui um texto, o melhor texto que alguma e uma vez escrevi. O título escondia tudo, revelava mas não desleixava, era este, vou dar o título, não tinha subtítulo. "Purgatório de Carne". Não consigo especificar exactamente o conteúdo mas era . . .
Sim, era.
Era mesmo.
Era tão.
E não está aqui. Desapareceu. Morreu.