quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Quero Partir Uma Perna

Já estou morto há dois anos. É uma decomposição atraente embora finja que me atormenta.
Sou tão básico e primordial. Complexo e perplexo. Talvez um cadáver feliz que aos pouco reage às reacções que me tocam. Sentir algo seria ideal.
Juntei-me a uma mulher com doenças privadas. Tem um nome lindo, é a minha pequena Astigmatismo. Pena que tenha sónia.
Enfim, não sei mais baladas a apontar nesta folha que aqui nem é folha, é algo tipo intergaláctico, cibernético. Perfume para homens sem boca.
É só mortos por aqui e eu sou o pior deles todos. Faço publicidade ao meu corpo, enterrei uma bandeira neste corpo decrépito: sou a minha propriedade privada.
Dor. Uma palavra tão pequena. E é só minha.

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