segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A Lógica

Tenho a memória de uma anã agendada a pedir frio como se de um milkshake se tratasse.
É engraçado que essa recordação seja tão espantosa como a minha própria história de vida.
Nasci confiante, já o médico me disse e eu confiei e eu me lembro. Invejei a sua posição logo naquele momento. Jurei secretamente a toda a maternidade que seria um dia, eu, naquela altura bebé, quando grande, um MÉEEEDICO soberbo!
Já no útero ouvia coisas bonitas desse mundo. Bisturis soavam-me bestiais. Queria inflingir dor e ainda ser pago por isso. Não seria nunca uma dor natural, mais uma daquelas secretas.
Olhando para trás tive um passado bem pensado se bem que inconsequente.
Capturava borboletas e fritava-as com cogumelos quentinhos. Asinhas crocantes! Adormecia a conduzir e guiava esplendorosamente. Pensava continuamente em sexo e quando estava a fazê-lo perguntava-me:
"É só isto?"
Via filmes de animação com amigos matulões e ponderava se as Barbies eram putas ou apenas modernaças. Bons tempos. De moderação e loucura.
Sei e digo e afirmo isto tudo em voz-off. É a minha lógica. Desculpem se não tiver lógica.

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